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Mercosul e a Política Externa Brasileira

Definição do Bloco Econômico

A prioridade da Política Externa Brasileira é a América do Sul, mas dentro da América do Sul, a prioridade é o Mercosul. E, por fim, dentro do Mercosul, a prioridade é a Argentina.

O Mercosul é uma União Aduaneira Imperfeita, pois:

  • Possui uma Zona de Livre-Comércio, inclusive com tarifa zero entre diversos produtos (exceto no setor automobilístico e no açúcar, são alguns produtos que não gozam de tarifa zero);

  • É uma União Aduaneira, caracterizada pela Tarifa Externa Comum (TEC), apesar de possuir algumas exceções;

  • Tem intenções de constituir-se em Mercado Comum, com livre circulação de pessoas, de bens e de capital (o que ainda não ocorre).

Há imenso grau de superávit do Brasil com a Argentina, pois os carros que não são feitos na Argentina, são confeccionados com peças brasileiras. Além disso, 70% dos carros produzidos na Argentina, são exportados para o Brasil.

Objetivos do Mercosul

A ideia é que o Mercosul seja um mecanismo de adaptação competitiva na economia global. Dessa forma, as preferências tarifárias irão possibilitar ganhos de escala, por exemplo, a Argentina tem setor automobilístico graças ao mercado brasileiro. Então, no esboço da globalização assimétrica, o Mercosul possui um papel chave na economia.

Países Membros do Mercosul

Em 1991, Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai assinaram o Tratado de Assunção, que deu origem ao Mercosul. Em 1994, com o Protocolo de Ouro Preto, o Mercosul ganha personalidade jurídica de direito internacional e, dessa forma, competência para negociar acordos internacionais. A Venezuela está em processo de adesão, em que será totalmente integrada ao Mercosul em 2014.

Em 1996, Bolívia e Chile associaram-se ao Mercosul. Em 2003, foi a vez do Peru tornar-se membro associado. E, em 2004, tornaram-se Estados Associados ao Mercosul Colômbia e Equador. O México participa das reuniões do Mercosul como País Observador.

Regionalismo Aberto

Segundo Felipe Lampréia, "o Mercosul é o laboratório da Globalização." O Regionalismo aberto é compatível com as regras da OMC - Organização Mundial de Comércio (exceção ao art. 24). Os acordos abertos podem ser negociados, desde que o nível de proteção do bloco não seja superior às tarifas em relação à terceiros, pois quando o Mercosul se consolidou, tanto o Brasil quanto a Argentina praticavam tarifas altíssimas.

Compensação dos Aspectos Negativos da Globalização

Considerando-se que a globalização é assimétrica, o Mercosul possui um perfil de comércio diferente entre os países do sul, com relação ao comércio com os países do Norte, o que permite um aspecto mais positivo da globalização, e, consequentemente, gera uma globalização mais simétrica. Por causa do Mercosul, o Brasil passou a ter vantagem comparativa, que não tinha com os outros países, por exemplo, televisão e monitores de LCD.

Aumento do Poder Global de Barganha dos Estados Partes: Os países precisam dos mercados consumidores dos outros Estados que, por sua vez, necessitam dessa dependência.

É preciso que os países se unam para aumentar a competitividade mútua. As correntes econômicas mais importantes estão no Atlântico Norte, e o Mercosul está no Atlântico Sul, ou seja, é esquecido pela economia global. Então, os países do sul devem se unir para fazer frente aos países do norte.

Identidade Diplomática

O Mercosul faz parte da identidade diplomática. O Mercosul nasceu com personalidade jurídica em 2004, coincidindo com a criação da ALCA. Por isso, o Mercosul foi sobrevalorizado em razão da ameaça da ALCA. Porém, nos dias atuais, a ALCA fracassou e o Mercosul teve êxito.

Legitimidade do Mercosul

O Mercosul é um fator de legitimidade da Política Externa Brasileira, é um símbolo da capacidade de construção de consensos, pois o Brasil não fala sozinho, ele fala com mais quatro países. Em 1980, todos os países do Mercosul sofreram democratização, e o Mercosul aparece para melhorar vulnerabilidades decorrentes da democratização. A Cláusula Democrática é consequência dessa relação em prol da democracia.

As relações entre o Brasil e a Argentina sempre tiveram um padrão de Afastamento e Aproximação, como por exemplo na Guerra do Paraguai, na Guerra das Malvinas, com Perón e com Frondisi, após o qual,  veio o Golpe Militar. No final da década de 1970, há uma aproximação sistêmica entre Brasil e Argentina, e os dois países caminham para uma Política Externa mais próxima. Nessa época, cessam os retrocessos com o acordo Tripartite entre Brasil, Argentina e Paraguai, na hidroelétrica de Itaipu.

Política Externa Brasileira

Há uma correlação de forças desfavorável para os países em desenvolvimento. Dessa forma, os países desenvolvidos se recusam em abrir seus mercados para os produtos dos países em desenvolvimento, pois os países desenvolvidos voltam seus interesses para aumentar a Segurança.

Há uma correlação de forças entre os países do sul, com convergência de interesses. O Brasil pode adotar a estratégia da Integração Regional para tornar-se um Global Player. A integração regional não é uma opção de um governo específico, é uma escolha racional e lógica do Estado.

Como o Mercosul é uma prioridade de Estado, a aproximação entre Brasil com a Argentina é necessária. Essa aproximação sistêmica começou no Governo de Figueiredo, depois foi continuada nos governos Sarney, Collor e Itamar, e foi aprofundada nos Governos de Fernando Henrique Cardoso e no Governo Lula. O Mercosul sempre se manteve como prioridade, independentemente do Governo, pois não é uma escolha política, é uma escolha racional e lógica.

Segundo Fernando Henrique Cardoso, "para o Brasil, o Mercosul não é um mercado, é um destino".

Segundo Lula, "a prioridade da Política Externa Brasileira é a construção de uma América do Sul próspera, unida e politicamente estável e esse esforço passa por uma revitalização do Mercosul."

 


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