Eu fiz o curso Normal já pensando em fazer concurso para a área de Educação.
Entrei na grande maratona de estudar para concursos, mas logo percebi que não estava nem um pouco preparada. Quando fiz meu primeiro concurso eu já estava casada e com os dois primeiros filhos pequenos. Tive que levar o Rodrigo, meu segundo filho, no dia da prova porque eu ainda o amamentava. Não fui nada bem e não passei. E me bateu aquela depressão "pós-concurso".
Continuei estudando em casa, com uma apostila velha que alguém tinha me dado e na época a minha situação e a do meu marido era bastante complicada, vivíamos com um pouco mais do que um salário mínimo e não tínhamos dinheiro para pagar um cursinho. Fiz o segundo concurso e não passei novamente. Meu tempo era muito pouco para estudar porque eu era dona de casa, tinha que lavar, passar, cozinhar e cuidar de duas crianças pequenas. Fiz o terceiro concurso e mais uma reprovação. Mas eu era perseverante e não desistia. Então foi aí que percebi que o grande vilão nos concursos para mim era a matemática, nas demais matérias me dava bem.
Ao fazer o quarto concurso já morávamos em nossa própria casa, até em então vivíamos de favor em uma e meus filhos estavam com 3 e 4 anos. Eu estudava à noite enquanto as crianças dormiam. Resolvi atacar a minha dificuldade e estudava muito mais matemática do que os outros conteúdos. O resultado dessa prova saiu e eu tive uma grande surpresa, passei em matemática e fiquei por duas questões em português. Dentro de mim havia uma mistura de sentimentos, estava feliz e triste ao mesmo tempo. Entraram com recursos e foram anuladas algumas questões de português e no resultado final meu nome estava na lista dos aprovados e fui classificada na 17ª colocação. Um excelente resultado. Aprendi muito estudando sozinha. Hoje quando olho para a prova que eu fiz nem acredito que consegui passar, vejo que estava muito difícil. Não demoraram a me chamar para assumir o cargo, foi questão de poucos meses. Minha vida mudou muito de lá para cá. Sou apaixonada pelo o que eu faço, pelos meus alunos e sinto que estou contribuindo para o futuro e a educação do meu país.