Turismo no Contexto Internacional
Existe uma forte correlação entre o ambiente econômico e a expansão da atividade turística. Quando a economia cresce, o nível da receita disponível aumenta e parte desta receita é gasta com atividades afetas ao Turismo. Por outro lado, a redução do ritmo de crescimento da economia frequentemente resultará na diminuição do gasto turístico. Historicamente, o crescimento da chegada de turistas internacionais tem superado o crescimento da economia. No período de 1975 a 2000, o Turismo teve um crescimento médio de 4,6% ao ano, enquanto o crescimento econômico mundial médio, medido pelo PIB, foi de 3,5% ao ano.
Conforme divulgado pela Organização Mundial de Turismo - OMT no documento Panorama do Turismo Internacional - Edição 2009, atualmente, o mercado de viagens representa 30% das exportações mundiais de serviços e 6% das exportações mundiais totais. Como categoria de exportação, o Turismo se situa em 4º lugar, depois apenas dos combustíveis, produtos químicos e automóveis. Para muitos países, a atividade turística é uma das principais fontes de receita e imprescindível para a geração de emprego e renda. Apesar da previsão de que a receita do Turismo internacional no mundo tenha sido 6% menos em 2009, esse número ainda representa algo em torno de U$ 900 bilhões.
O fluxo internacional de turistas vem aumentando continuamente - de 25 milhões em 1950; 277 milhões em 1980; 438 milhões em 1990; 682 milhões em 2000, tendo atingido a cifra de 920 milhões em 2008. Em 2009, a chegada de turistas internacionais reduziu-se a 880 milhões, 40 milhões a menos do que em 2008, resultado do desaquecimento da economia mundial ocasionada pela crise financeira. A OMT estima que a chegada de turistas internacionais chegue a 1,6 bilhões em 2020.
Enquanto no primeiro semestre de 2008 houve um crescimento de 5% na chegada de turistas internacionais, no segundo semestre houve uma redução de 1%. Em 2009, a chegada de turistas internacionais declinou 10% no primeiro trimestre, 7% no segundo trimestre, 2% no terceiro trimestre, tendo apresentado um crescimento de 2% no último trimestre do ano. Segundo a OMT, a previsão para 2010 é de crescimento da ordem de 3 a 4%.
No período de 2000 a 2009, o fluxo internacional de turistas apresentou um crescimento médio anual da ordem de 3,3%, tendo, porém, em 2009, apresentado uma retração de 4,3% quando comparado ao ano anterior. Essa redução foi maior para a Europa (6%), Américas (5%) e Oriente Médio (6%). A única região que apresentou resultado positivo foi a África, com o percentual de crescimento anual de 5%. Na América do Sul, a retração foi de 3%. A expectativa para 2010 é que o continente cresça entre 2% e 4%.
Ao longo dos últimos 60 anos, o Turismo tem experimentado uma desconcentração contínua. A Europa declinou sua fatia de mercado cerca de 10 pontos percentuais desde 1950, ao passo que a América do Norte perdeu 13 pontos percentuais. Ainda assim, ambas as regiões mantêm-se como as principais receptoras de turistas (representavam, conjuntamente, cerca de 95% da fatia de mercado em 1950, 82% quarenta anos depois, 76% em 2000, e 69% em 2008). A participação da chegada de turistas internacionais nos países em desenvolvimento tem aumentado paulatinamente, de 31% em 1990 para 45% em 2008.
A desconcentração do Turismo mundial contribui para a redução das desigualdades e para a promoção de um ambiente favorável ao desenvolvimento mais equilibrado. Significa também uma via de inclusão do Turismo na estratégia de luta contra a pobreza, vinculando a atividade aos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio. O quadro a seguir demonstra essa tendência, comparando os cinco principais países receptores com o grupo do 16º em diante.
No entanto, os novos destinos serão beneficiados somente se o Turismo for baseado numa gestão responsável, que busque o equilíbrio entre os aspectos ambientais, econômicos e socioculturais. Sem isso, a atividade torna-se vulnerável e suscetível aos problemas de degradação, massificação e fragmentação que, em última instância, significam a sua autodestruição. A gestão responsável deverá, também, reproduzir impactos positivos no que se refere ao Turismo interno, propiciando o desenvolvimento da atividade no mercado doméstico, com benefícios por duas vias: (i) pela produção, com a criação de novos postos de trabalho, e consequente ampliação da renda; (ii) e pelo consumo, com a inclusão de novas parcelas de consumidores no mercado turístico.
Apesar das dificuldades, o Turismo continua sendo uma importante alavanca para a economia mundial, representando parte significativa dos empregos e do produto interno bruto global. Neste contexto, o relatório do Fórum Econômico Mundial The Travel & Tourism Competitiveness Report (TTCR), divulgado nos últimos quatro anos, é uma ferramenta estratégica para medir os fatores e as políticas de desenvolvimento do setor. O relatório apresenta uma classificação dos países quanto à competitividade no Turismo, que abrange 133 economias mundiais. A tabela a seguir mostra o ranking global dos dez primeiros classificados em 2009 e a posição do Brasil. A Suíça, Áustria e Alemanha mantiveram-se, respectivamente, em 1º, 2º e 3º lugares, nos três anos consecutivos. O Brasil teve uma melhora significativa, passando de 59º em 2007 para 45º em 2009.
O desenvolvimento do Turismo impões muitos desafios que devem ser enfrentados em âmbito nacional. Neste sentido, o ranking foi desenvolvido para medir os diversos itens identificados como alavancas para melhorar a competitividade nestes países. Baseados na análise detalhada de cada pilar do índice, as empresas e os governos podem abordar os desafios para o crescimento do setor.